Ela é vista diariamente pelas ruas de Vilhena, empurrando o carrinho de sorvetes com o qual ganha a vida. Mas, por trás do rosto nem sempre sorridente, porém castigado pelo esforço, existe uma história de sofrimento e superação.
Para não expor ainda mais uma mulher que já sofreu tanto, o FOLHA DO SUL ON LINE não vai usar imagens dela e muito menos citar sequer as iniciais de seu nome. Vai apenas relatar o que apurou sobre a personagem, através de pessoas que conhecem a sua história.
Mato-grossense de Várzea Grande, a picolezeira chegou em Vilhena anos atrás, sem que se soubesse direito o que veio fazer na cidade. Antigamente, ela dormia num imóvel próximo ao Hospital Regional e, certa noite, alguém, num ato de extrema covardia, jogou ácido em seu corpo.
Atendida, a mulher se curou das marcas na pele, mas as cicatrizes na alma ainda perduram. Por várias vezes a prefeitura providenciou passagens para que ela voltasse à cidade da região metropolitana de Cuiabá, mas a ambulante baixava em Vilhena novamente. Até que os profissionais que lidavam com a situação resolveram acolhê-la.
Submetida a tratamento psiquiátrico, a ex-moradora de rua se recuperou. Durante o atendimento, uma irmã da mulher, que é juíza em Mato Grosso, foi localizada e passou a cuidar dos quatro filhos dela, todos menores de idade.
Apesar da vida sofrida, o tratamento deu resultado e, hoje, a batalhadora ambulante consegue se manter sozinha em Vilhena. Ela recebe uma pequena aposentadoria, mas como “não gosta de ficar parada”, complementa a renda com a venda dos picolés.
Fonte: Por Folha do Sul