Um índio da etnia Apurinã e um madeireiro foram presos nesta quinta-feira (14) durante a Operação Plano Virtual, realizada pela Polícia Federal (PF) para coibir crimes ambientais no estado. Os dois são suspeitos de envolvimento na extração e comercialização de madeiras retiradas ilegalmente de terras indígenas em Espigão D’Oeste (RO). Na ação foram apreendidos cerca de R$ 200 mil em espécie. O dinheiro estava na casa do madeireiro apontado como o líder do grupo. Inúmeras joias, cheques e carros de luxo também foram apreendidos.
Conforme a PF, a Operação Plano Virtual foi realizada nas cidades de Ministro Andreazza (RO),Pimenta Bueno (RO), Espigão do Oeste (RO) e na capital Porto Velho. Ao todo, foram cumpridos dois mandados de prisão, sete mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a comparecer para prestar depoimento e 15 mandados de busca e apreensão. Também foram interrompidas as atividades de duas empresas madeireiras e um plano de manejo florestal sustentável.
De acordo com o delegado Tiago Gaia, que comanda a operação, o esquema funcionava da seguinte forma: a madeira era extraída da reserva indígena Roosevelt e levada para uma das quatro madeireiras que faziam parte do esquema, localizadas nas cidades de Pimenta Bueno eMinistro Andreazza.
Depois, um escritório de consultoria ambiental de Porto Velho, que era comandado por um ex-servidor da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), legalizava a madeira como se ela fosse retirada de um de Plano de Manejo Florestal Sustentável de Pimenta Bueno.
"Descobrimos que todas as serrarias eram controladas pelo madeireiro, mas estavam em nome de ‘laranjas’. E eles usavam essas empresas para retirar madeiras na reserva indígena com a permissão do cacique que foi preso na operação. Para legalizar o esquema, um escritório de consultoria ambiental de Porto Velho criava um crédito de manejo virtual fraudulento", esclarece.
Ainda de acordo com o delegado, a participação dos suspeitos no esquema foi confirmada por meio dos bens e documentos aprendidos nas residências e empresas.
Os indiciados responderão pelos crimes de furto, receptação, falsidade documental, extração ilegal de madeira, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Novas prisões podem ser realizadas nos próximos dias, segundo o delegado."Uma das evidências que apontam o madeireiro como o chefe do esquema é a grande quantidade de bens e dinheiro que ele guardava em sua própria residência. Entre eles dois carros de luxo, inúmeros cheques e um grande acervo de joias que ainda não teve o valor calculado. Outro fator que chamou atenção é que dos R$ 203 mil em espécie apreendidos na casa dele, R$ 50 mil estavam escondidos debaixo da pia", revela.